Comunicação Social > O Meu Comentário à Entrevista de Carlos Silvino

No dia 26 deste mês de Janeiro, a Revista FOCUS publicou uma entrevista com Carlos Silvino que tem dado muito que falar. Ela já está aqui no site, para quem não conseguiu chegar à Revist, e algumas considerações de minha parte:

-Estas declarações revelam para mim como já declarei publicamente uma quarta faceta de Carlos Silvino: na primeira, desde que foi preso, declarou sempre (e só vou falar do meu caso) que não me conhecia. Escreveu-o mesmo, pelo seu próprio punho num pedaço de papel que foi lido pelo seu advogado de então, Dr. Dória Vilar, no dia 3 de Fevereiro de 2003, dois dias após a minha prisão

 

 

Portanto, aqueles que dizem (sempre os mesmos) que só agora é que Carlos Silvino diz não me conhecer estão enganados, mal informados ou de má fé.

Para mim é nítido que, desde que tudo isto começou, Carlos Silvino assumiu quatro posições diferentes.

1- Esta em que diz não me conhecer, nunca falando no meu nome até ao dia 4 de Agosto de 2003, nesse dia, e apenas para confirmar que eu lhe tinha enviado dois bilhetes dentro da prisão (que se encontram reproduzidos neste site). Não me acusa de nada. O que se passou entretanto? Silvino esteve internado em Caxias para tratamento. Em Junho o Dr. José Maria Martins passou a fazer equipa com o Dr. Dória Vilar e Carlos Silvino começa uma medicação, a partir de Julho, sob a orientação da Drª Maria Keating. (veja a página sobre a entrevista) Com que objectivo? E contratada por quem?

 

 

Veja a receita da Drª Maria Keating (30.07.03) na página sobre a entrevista à FOCUS seguida da opinião do Prof Pinto da Costa e as afirmações do Prof Afonso Albuquerque em Tribunal

 

2- O segundo Carlos Silvino: de facto, no interrogatório de 26 de Agosto, estava ele preso desde 25 de Novembro do ano anterior, Carlos Silvino acusa todos os arguidos e faz as afirmações que são públicas sobre pessoas e locais.

Depois desse depoimento, o Dr. José Maria Martins dispensa a Drª Maria Keating.

 

E na véspera de se iniciar o julgamento do seu processo, marcado para 28 de Setembro de 2003, aparece um outro psiquiatra que ficou famoso por, aparentemente... não ser psiquiatra: o Dr Rui Frade. Mas o julgamento não se realizou até o processo de Carlos Silvino ter sido junto ao que envolve os outros arguidos.

 

3- O terceiro Carlos Silvino: é o que atravessa o julgamento. Aí qualquer pessoa percebia que ele não estava num estado normal: a sua expressão (ou ausência dela) o seu olhar parado, a sua boca permanentemente aberta, os seus súbitos ataques de fúria ao ouvir certos depoimentos deu-me sempre a sensação de que ele estava fortemente medicado e sob a influência de produtos químicos. Tal como o Dr. José Maria Martins, também não sou médico. Mas também não sou cego.

 

4- O quarto Carlos Silvino: o que agora deu a entrevista à FOCUS. Parece finalmente uma pessoa mais livre e consciente, independentemente das afirmações que foram publicadas. E a TVI fez um bom serviço ao repetir a entrevista que Silvino deu a Carlos Enes porque foi possível comparar dois Carlos Silvino. E fácil de ver qual deles está mais próximo da normalidade.

E não analiso aqui as inúmeras contradições dos seus vários depoimentos em Tribunal. Isso ficará para outra altura.

E agora, a grande questão: qual deles está a dizer a verdade?

Respondo por mim: não tenho nada a ver com esta história, nem com a Casa Pia, nem com abusos sexuais. NADA. Assim, só posso afirmar que Carlos Silvino diz a verdade quando diz que estou inocente ou, como fez até Agosto de 2003, quando não mete o meu nome em nenhuma situação.

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Para memória futura

900 testemunhas, testemunhos contraditórios e incoerentes dos assistentes e de Carlos Silvino, alteração de datas não comunicada, ausência de exame às chamadas telefónicas, datas imprecisas, desvalorização de milhares de documentos indiscutíveis, pré convicção, sentença meramente subjectiva.

TOTAL AUSÊNCIA DE PROVA!