Reconhecimentos > As Portas do Acórdão

AS PORTAS ABERTAS

O Acórdão diz o seguinte, nas fls. 67498 e 67499:

"Durante as diligências todas as portas das dependências da casa estavam fechadas, só tendo permitido que fossem sendo abertas pelo Assistente, pelo Tribunal ou num caso pela própria arguida Maria Gertrudes Nunes - por dificuldade com a abertura de uma fechadura -, à medida que o ia autorizando. Isto para que o assistente não pudesse, previamente, ver que dependência ou o que estava para além de cada porta.

(...)

Ainda dentro da casa e numa parede onde existiam duas portas, fechadas, foi perguntado ao assistente se sabia o que estava atrás daquelas portas e disse, em relação a uma delas, que era a casa das bolachas, ou onde estavam as bolachas.
Aberta a porta aquela divisão era uma despensa.

(...)

O Tribunal ficou com a convicção que JPL esteve lá, no interior daquela casa: o gesto na entrada foi mecânico demais para quem não soubesse o que ia fazer. JPL não ficou à espera que a porta se abrisse para ver o que estava lá dentro; e a localização das dependências no R/C, a localização da despensa, foi um pormenor que criou convicção ao Tribunal, de que JPL esteve ali."

O que é que os Juízes pretendem dizer com "a entrada foi mecânica demais"? Então ele está ali para reconhecer a casa, abrem-lhe a porta e queriam que ele ficasse parado? Foi mandado entrar. O que é uma entrada mecânica?

Em relacção à localização da despensa, o que o Acórdão diz também não corresponde à verdade: JPL ficou à espera que a porta se abrisse e só depois da porta aberta é que fala da despensa como sendo a "casa das bolachas". Depois da Juíza lhe abrir a porta e a luz. Mesmo assim, ele não utiliza a expressão "despensa". Veja o vídeo para confirmar.

 

 

 

Repare portanto: a juiza primeiro abre a porta e só lá dentro pergunta a JPL: "Esta dependência diz-lhe alguma coisa?" E o Acórdão diz: "Durante as diligências todas as portas das dependências da casa estavam fechadas, só tendo permitido que fossem sendo abertas pelo Assistente, pelo Tribunal ou num caso pela própria arguida Maria Gertrudes Nunes - por dificuldade com a abertura de uma fechadura -, à medida que o ia autorizando. Isto para que o assistente não pudesse, previamente, ver que dependência ou o que estava para além de cada porta."

Pior: vejam quantas portas são abertas pela Juíza sem que JPL diga antes o que está lá dentro. Pelo contrário. Não reconhece nada além da "casa das bolachas" mesmo depois das portas abertas. É isto "ressonância da verdade"?


 

 

Há uma excepção mas depois contrariada de forma insanável pelo próprio JPL: Aponta para a porta do fundo e diz que é a cozinha. E é de facto.

No vídeo da cozinha percebe-se a total desorientação de JPL: acaba por dizer que a cozinha era do lado direito (!) e que sala à direita da cozinha não existia. Imagine-se a dimensão das obras necessárias: construir uma parede no hall para fazer uma sala, deslocar a cozinha toda  para o lado esquerdo. E se a cozinha fosse do lado direito o que é que existia no seu lugar? Só que a casa está igualzinha à planta original aprovada pela Câmara de Elvas em 1982!

 

 

Na ânsia de mostrar veracidade no relato afirma que o Bobi (cão) não existia. E não há nenhum juíz que o questione de uma forma simples: "Se esteve na cozinha  uma vez, a fumar um cigarro (talvez) e viu as escadas de dentro da cozinha, como é que pode afirmar que o cão não existia?

Mais tarde vem a negar que fosse aquela a porta da cozinha e afirma uma série de coisas acabando por colocar a porta da cozinha do lado direito do corredor (então não era em frente?) na zona onde está um espelho. Veja o vídeo com atenção.

 

 

 

E as escadas que ele diz (como se viu no vídeo) que tinham o corrimão em cimento (muro) mas que afinal  são de barras de ferro?

Vale a pena determo-nos um pouco na história dessas escadas:

Ao contrário do que foi o seu comportamento noutros reconhecimentos o Procurador João Aibéo, supreendentemente, pergunta a JPL como são as escadas nas traseiras da cozinha, antes de se abrir a porta. E isso fez-me pensar. Teria que haver uma razão para esta "auto-confiança" de João Aibéo.

No processo encontrei uma fotografia tirada pela PJ com a legenda de que se trata de uma vista das traseiras da casa de Elvas. Essa foto só pode ter sido tirada da rua paralela à da vivenda da D. Gertrudes. Então vejamos essa foto.

O prédio em primeiro plano não é a casa da D. Gertrudes mas sim um prédio na rua de trás. Portanto as traseiras são as que estão assinaladas ao fundo pela seta mais pequena (as setas são de minha autoria). Da casa da D. Getrudes só se vê o piso superior e não as traseiras da cozinha.

Mas há um pormenor muito importante para o qual chamo a atenção: na foto dita das traseiras, vê-se em primeiro plano um prédio (que não é o da D. Gertrudes porque as suas traseiras não dão para a rua) que tem... umas escadas com um muro em cimento a todo o comprimento! (seta maior)

Mas voltemos ao interior:

Na sala do lado direito, quando se entra, ele  diz que não existia porta nem parede a separar essa sala do hall! (reveja o vídeo em que ele diz: esta parede não existia logo a seguir a este primeiro.) Agora diz que os azulejos são os mesmos. Mas antes, no interior da sala, afirma que aquela parede não existia! Segundo ele era um espaço aberto: "quando se entrava pela porta da rua ficava-se logo na sala".  Mas no hall afirma que os azulejos são os mesmos... na parede que não existia! Nesta mesma situação, ele está  junto à "casa das bolachas" mas quando a Juiza lhe pergunta se o espaço lhe diz alguma coisa ele  não refere nada... apenas "reconhece" os azulejos na parede que "tinha deitado abaixo"! JPL nunca esteve nesta casa!

 

 

 

Que conclusão tiraram os Juízes de tudo isto? - JPL esteve na casa porque reconheceu uma "despensa" (casa das bolachas) e entrou na casa com um gesto mecânico demais!

Mas já em 2003, à TVI, ele tinha dito que tinha estado numa sala quando entrou para a casa. Mas dentro da casa, perante o tribunal afirma "Nunca tive". Isto é: não só deitou a parede abaixo para fazer, do hall, tudo sala, como agora diz que nunca esteve na sala.

 

Um dado para mim está desde sempre adquirido: JPL nunca esteve nesta casa. Nem ele nem Francisco Guerra. Nem nenhum outro. E é para mim muito estranho porque é que o Tribunal não levou outros rapazes a fazerem este reconhecimento. Terá sido pelo desastre que constituiu a experiência com JPL e Francisco Guerra? Como estranho é o facto de não ter levado LM e JPL a fazer o reconhecimento do apartamento da Av. das Forças Armadas e de nunca terem feito o reconhecimento interior do mesmo.