Não tenho provas concretas que corroborem o que penso. Mas numa história tão fantasiosa como esta, não é difícil aceitar, pela afirmação de todos (Carlos Silvino incluído) de que entravam pela porta das traseiras, que a imaginação fértil de FG tenha apontado para ali porque essa porta e aquele prédio vêem-se da casa de Carlos Silvino: é do outro lado da rua. A muito custo, FG teve que confessar que da tal porta se via "o bairro social onde morava o Carlos Silvino".
A vermelho - A referida casa da Av. das Forças Armadas
A azul - A casa de Carlos Silvino a uma distância de pouco mais de 100 metros
E porquê aquele apartamento no 2º andar? Isso é mais simples de entender: apontado o prédio, a PJ leva lá FG para identificar o andar e o apartamento. Entram pela frente uma vez que a porta traseira estava fechada a cadeado e vão subindo as escadas. Quando chegam ao 2º andar, FG repara que uma das portas dos apartamentos é diferente das outras. Estava escolhido o andar porque tinha aquele pormenor de que ele se "lembrava muito bem".
Aquela porta, que é ao lado do apartamento onde se teriam passado os factos, só é diferente desde Outubro de 2001 quando os proprietários fizeram obras (apresentaram toda a documentação comprovativa dessas obras que se encontra no processo). Ora os "crimes" teriam sido cometidos em finais de 99, princípios de 2000. A PJ não se deu ao trabalho de indagar porque é que a porta era diferente, desde quando, nem de ouvir ninguém no prédio excepto a enfermeira e a porteira do prédio - a enfermeira que viria a falecer semanas depois era a proprietária do apartamento onde se teriam passado os factos e por razões de saúde não saia de casa há bastante tempo. Ambas negam ter conhecimento da minha presença no edifício.
Algumas das versões dos alegados interveniente sobre a Av. das Forças Armadas
Versões |
JPL |
Francisco Guerra |
LM |
Carlos Silvino |
Dia da semana |
não refere |
dia de semana e fim de semana |
num dia da semana |
ao sábado e domingo |
Altura do dia |
não refere |
ao fim da tarde |
depois de jantar |
de manhã |
Meio de transporte |
Carrinha Vitto |
Renault Traffic |
Fiat 127 |
não refere |
Andar/Porta reconhecida |
não refere |
segundo andar, porta escura |
terceiro andar |
segundo andar, porta clara |
Descrição do local |
Não deparei com... Mobílias. Não tinha nada. Simplesmente o chão. Nem uma cadeira |
Tinha holofotes, e algum material, não sei o nome. Possivelmente são holofotes. |
Quarto com uma cama e um guarda-fato e sofás na sala |
Não entrou mas ouviu do hall: "Máquinas e pessoas, barulho de máquinas com rolos a rolar e pessoas." |
Esta é uma pequena súmula. Há mais, muito mais e nem refiro os depoimentos das mais variadas testemunhas daquele prédio que a investigação deveria ter ouvido e que foi necessário a defesa arrolar.
O tribunal levou Carlos Silvino até ao 2º andar referido na acusação. Não podemos mostrar o video, mas pode ler um excerto dos diálogos travados durante essa visita.