Questões > 13 - O que lhe causa então estranheza na investigação deste processo?

Nunca ter tido o beneficio da dúvida. Prenderam-me sem provas. Baseados em testemunhos de jovens cujo background a equipa de investigação desconhecia - os processos individuais dos assistentes foram juntos ao processo meses depois da minha prisão.

O facto deste processo ter nascido na comunicação social e ter sido durante muito tempo "comandado" por alguma comunicação social.

O facto de uma das principais testemunhas deste processo também ser principal testemunha de um outro processo de abusos sexuais, no mesmo período temporal e com a mesma equipa de investigação e nunca ter referido o nome destes arguidos no primeiro processo.

As entrevistas de Pedro Strecht nomeadamente à RTP.

As condições em que obrigaram uma avençada a fazer mais de 20 perícias em apenas 30 dias para que ela aferisse ou não a veracidade dos testemunhos

Estranho o facto de familiares, amigos e conhecidos dos assistentes dizerem que eles são mentirosos e efabuladores; estranho o facto de FG ter dito à Juíza de Instrução que era mentiroso mas que agora não mentia mais; estranho o facto de vários alunos da Casa Pia apontados por FG e JPL como tendo ido a Elvas terem negado em tribunal peremptoriamente que isso tenha acontecido; estranho o facto de MP apontado por FG como tendo ido a Elvas ter dito em inquérito que não conhece nenhum FG; estranho o facto dos assistentes entrarem constantemente em contradição entre si; estranho a amnésia que pareceu varrer a equipa de investigação quando foi chamada a depor; estranho o facto do Procurador João Guerra nunca ter sido interrogado em tribunal como responsável da investigação; estranho o facto de pelo menos duas testemunhas terem retirado o meu nome da lista de abusadores e o Ministério Público nunca lhes ter dado qualquer relevância mantendo-se a pronúncia; estranho o facto de JPL à Juíza de Instrução nunca ter referido ter estado na Av. das Forças Armadas ao contrário do que disse em julgamento; estranho o facto do Ministério Público, ao fim de 4 anos de julgamento ter pedido 43 (!) alterações à acusação inicial; estranho o facto de haver referências a desenhos do interior das casas que não estão no processo; estranho o facto de haver referências a possíveis abusadores que nunca foram ouvidos...

Estranho o facto de não terem feito buscas a minha casa, escritório, computador ou sequer telemóvel. Nunca terem interrogado ninguém das minhas relações (ao contrário do que recomenda o tal Manual da Interpol que se encontra no Processo), nunca me ouvirem ou interrogarem adequadamente, proibirem-me de falar com a comunicação social... descobri, chocado, e aos "bochechos" um processo que estava em segredo de Justiça mas a que parte da comunicação social tinha acesso diário.

Respondi a tudo e a todos. Não entrei em contradição - porque a verdade tem destas coisas. Toda a gente das minhas relações me defende. Não escondi nada. Falei com jornalistas, recorri a instituições e nunca me foi dado o benefício da dúvida. Estranho, não é?