Processual > Bilhetes de Carlos Silvino

Carlos Silvino foi preso dia 25 de Novembro de 2002. 1 ano e três meses após a queixa da mãe de um rapaz da Casa Pia que ficou conhecido como "Joel". Resultado de uma investigação minuciosa dirigida pela inspectora Cristina Correia que contava, à altura, com mais de 20 anos de experiência na investigação de crimes de abuso sexual de menores.

A Dra. Teresa Costa Macedo é a primeira pessoa que liga Carlos Silvino ao processo de 1982 e consequentemente à minha pessoa. Nada há no processo de 1982 que o ligue a este processo.

Vejamos o que diz Silvino sobre mim ao longo deste processo:

Dia 3 de Fevereiro de 2003, no rescaldo da minha prisão, o advogado Dória Vilar leu uma declaração de Carlos Silvino à comunicação social. Essa comunicação foi escrita e assinada  por Carlos Sivino:

Carlos Silvino, ouvido no dia 4 de Junho de 2003 esclarece a Policia Judiciária:

No próprio dia em que Carlos Silvino nega alguma vez me ter visto ou contactado comigo, no dia 4 de Junho de 2003, a TVI noticiava, pela voz de Manuela Moura Guedes, que Bibi tinha dito à PJ que me conhecia há mais de 20 anos.

O Correio da Manhã faz dessa notícia manchete no dia 5.

Nesta altura encontrava-me preso sem ter acesso a nenhuma peça processual, sem saber quem, onde, o quê, como, em grande medida ainda hoje continuo sem ter estas respostas por via oficial, mas na altura além de não saber rigorosamente nada, estava simultaneamente proibido pela Ministra da Justiça de dar entrevistas e de me poder defender publicamente e impedido pelo Juiz Rui Teixeira de ser confrontado com as acusações que me eram imputadas e de exercer o direito da minha defesa.

Neste contexto e porque precisava de respostas consegui fazer chegar um bilhete a Carlos Silvino através de um faxina que lhe levava as refeições. Fiz mal? Fiz bem? Ao receber as respostas achei que fiz bem. Depois de ver a exploração e o significado retorcido  que foram atribuídos a essa acção pela comunicação social, acho que fiz mal. De qualquer modo, que fique bem claro que os bilhetes foram entregues por mim ao Dr. Rui Teixeira como mais uma  prova da minha inocência. Não me foram pedidos.

Aqui estão os bilhetes, com as datas assinaladas, que juntei ao Processo.

Bilhete nº 1 (20.06.03) 

 

Resposta de Carlos Silvino:

Bilhete nº 2, com resposta na mesma folha (03.07.03)

 

 Verso da folha:

 

Por causa destes bilhetes fui transferido para o EPL onde, pela primeira vez na minha vida vi pessoalmente: o Dr. Hugo Marçal e o Dr. Paulo Pedroso. Na EPPJ tinha conhecido o Dr. Ferreira Dinis e o Dr. Manuel Abrantes. Quanto ao embaixador Jorge Rito, porque acredito na sua versão de que me terá sido apresentado em 1975 em Nova Iorque não direi que o vi pela primeira vez mas quando o encontrei no EPL a sua cara não me disse nada.

O que é o Correio da Manhã escreveu a propósito destes bilhetes? Fez uma caixa, num artigo publicado em 13 de Julho de 2003 (já eu estava no EPL). Era preciso manter a pressão sobre a opinião pública e publica uma completa falsidade (entre muitas ao longo deste processo). Leu os bilhetes? Leia o Correio da Manhã:

  

Quem deu esta informação ao CM? Foi invenção do jornalista?

A 7 de Julho de 2003, Silvino cita vários nomes e nunca fala em mim.

Carlos Silvino só passa a afirmar conhecer-me quando a sua defesa passa para as mãos do Dr. José Maria Martins e só em 26 de Agosto de 2003, 304 dias depois de ele estar preso e 207 dias depois de eu estar preso. Diz nessa altura, que me terá visto em Elvas junto às viaturas estacionadas no descampado.

Em Tribunal apresenta mais duas versões de quando me conheceu:

21.12.04 (em Tribunal)

Silvino: Voltei sim sr. Foi a 1ª vez que vi o senhor cara a cara quando me entregou o envelope. E voltei mais uma vez lá mas não subi, fiquei no carro com o Francisco Guerra enquanto os outros iam lá para cima para as filmagens com sexo à mistura como eles diziam.  

Juíza: Consegue situar estas idas à Av. das Forças Armadas no tempo?  

Silvino: Foi agora, penso eu, as datas não me lembro, penso eu na altura de 99, 2000.  

(...)

Juíza: Lembra-se quando foi essa situação em que foi apresentado o Carlos Cruz?  

Silvino: Não me lembro. Foi em 1982/83 mais ou menos  

Juíza: Depois de lhe ter sido apresentado Teve mais algum contacto com ele?  

Silvino: Nunca tive contacto com ele mas tenho a dizer que vi-o em Elvas

 

Carlos Silvino nunca me foi apresentado.