- Em declarações a fls. 6922, o depoente Francisco Guerra menciona que "além da marca no corpo do Paulo Pedroso, o depoente viu um sinal no pénis com cerca de 2mm, de cor castanha"

- Cerca de uma semana depois, a fls. 7145, já o depoente declara "que no seu depoimento anterior não ficou explicitamente consignado que o sinal de cerca de 2mm de diâmetro no pénis se referia a Calos Cruz. Com efeito, recorda-se que este arguido tem aquele sinal no pénis'"

Foi-me feita uma perícia médico-legal que não revelou quaisquer sinais, mas apenas "várias manchas hiperpigmentadas, acastanhadas-escuras e grosseiramente arredondadas" que segundo o respectivo relatório serão pelo menos doze (cfr. fls. 1245 ss.).

Conforme posterior esclarecimento prestado pelo INML a pedido do Ministério Público, tais manchas são consistentes com a idade e com o meu grupo genético, ou seja, bastante comuns:

- "...inscrevendo-se as referidas manchas num processo involutivo associado à idade, são relativamente frequentes nas pessoas do grupo etário do examinado" (cfr. fls. 13878/9 dos autos).

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AUDIÊNCIA DE JULGAMENTO

 Procurador - Tendo em conta o conteúdo das declarações do assistente relativamente ao arguido Carlos Cruz, se o assistente anotou que o corpo do arguido Carlos Cruz tivesse alguma marca particular.

Juíza Presidente - Em relação ao arguido Carlos Pereira Cruz o senhor tem algo, tem alguma coisa a dizer ao tribunal quanto a alguma característica, alguma referência física que tenha deste senhor?

Francisco Guerra - Tenho sim, Srª Drª Juíza. Ahn... uma das marcas que o Carlos Cruz tem no pénis é um sinal ahn... do tamanho mais ou menos de uma, um bocadinho mais pequeno, de uma moeda de cêntimo, ahn... se calhar até é bastante, um bocadinho mais pequena, não sei, se calhar até o fundo de um pionés. Tou mais ou menos a situar-me...

Juíza Presidente - E quando é que notou essa marca? Quando é que o senhor se recorda de ter percebido essa marca?

Francisco Guerra - Numa das... dos actos sexuais.

Procurador - Srª Drª, se essa marca... é uma marca clara, é uma marca escura?

Juíza Presidente - Pode responder.

Francisco Guerra - É uma marca ahn... mais escura que a pele do Carlos Cruz.

Procurador - Se reparou se o arguido Carlos Cruz é ou não circuncidado?

Juíza Presidente - Pode responder.

Francisco Guerra - Não. Não reparei Srª Drª Juíza.

***

Ora, o relatório do IML é bem claro quanto à "mancha":

Mas o Ministério Público, desiludido com o resultado, ainda tenta arranjar a teoria de que, os meus "sinais" não eram normais, para criar a ideia subliminar que o Francisco Guerra tinha estado com alguém "diferente" dum cidadão comum. E pede um esclarecimento ao IML:

 

Naturalmente, teve mais uma desilusão:

A resposta é clara: o perito do INML referiu, em julgamento, que na multiplicidade de manchas de Carlos Cruz, comuns nos homens a partir da meia idade, nenhuma se distinguia, sendo todas substancialmente mais pequenas que uma moeda de cêntimo ou que um pionés; aliás, a dimensão apontada às manchas no relatório pericial revela que são quase imperceptíveis.

Esta mentira do Francisco Guerra fez as delícias da Comunicação Social. E mais uma vez, depois de eu fazer o exame no IML, dezenas de notícias para intoxicar, afirmando que "o exame tinha confirmado a existência da mancha denunciada por Francisco Guerra." Nada mais falso.

Dois exemplos:

Diário de Notícias

E Correio da Manhã

Quanto a esta notícia resta sublinhar que o exame requerido pelo MP era só ao pénis. O perito perguntou se eu deixava fazer ao corpo todo. Na presença do procurador João Guerra, que ssinou a requisição, a mimha resposta foi que o examen era o que o MP tinha requisitado e o João Guerra confirmou que era só ao pénis. Agarrou mesmo na requisição, mostrou-a qo perito, apontou com o dedo e disse: o que procuramos é isto.

Aqui fica, os documentos

 

 

E no Relatório do INML lê-se ainda:

Quando fui ouvido pelo juiz Rui Teixeira, no início de 2004, pedi até um esclarecimento sobre o porquê de uma estação de TV (a TVI) ter divulgado o relatório afirmando que confirmava a existência do tal sinal que nunca existiu.

Resumindo:

1-      Não há sinal

2-      Francisco Guerra mais uma vez mentiu

3-      A Comunicação Social quis passar o recado de que havia sinal