O mito da fuga é das invenções mais perversas deste processo. Tendo tido na mão o mandado de detenção, porquê não me terem preso em casa ou logo à saída?

Mas o argumento ainda é mais estúpido: estive no Brasil de 27 de Dezembro de 2002 a 5 de Janeiro de 2003. Porque é que não fiquei por lá e voltei para ser preso no fim do mês?

Exactamente a 27 de Dezembro paguei centenas de milhar de Euros de impostos. Esse dinheiro não me daria jeito no Brasil ou noutro país para onde quisesse fugir?

O Inspector-Chefe Dias André tem uma teoria "brilhante" e que revela o seu talento de investigador. Na véspera de começarem as alegações finais disse na TVI que eu tinha pago os impostos para depois não ser perseguido lá fora por fuga ao fisco! Ouve-se e não se acredita. Então não seria perseguido ou procurado por abusos sexuais, um crime que até tem intervenção de todas as polícias e da Interpol? Era pelos impostos que iam andar à minha procura?

Essa fuga é "sustentada" nos dias imediatos por um conjunto de notícias falsas (ver pergunta 5). Quem as deu aos jornalistas? Porque é que estes as publicaram sem confirmarem a informações que eram de facto graves?

Aliás o Inspector Dias André é uma figura peculiar neste processo:

-Nesse mesmo programa afirmou que acreditou nas vítimas porque todas elas fizeram desenhos pormenorizados dos interiores das casas. NÃO É VERDADE! Em relação à casa de Elvas há um único desenho que não corresponde em nada ao interior da casa. Em relação à Av.  das Forças Armadas há também um único desenho, feito pelo mesmo rapaz, e que também não corresponde ao interior.

Em julgamento, sim. Foram feitos vários desenhos. Mas sem qualquer correspondência com a realidade. Tal como a descrição verbal como veremos nas perguntas 10 e 11. Quando o processo estiver na Internet os portugueses poderão ver esses desenhos e perceber melhor do que estou a falar.

-O mesmo inspector fez dois relatórios sobre a minha prisão. Com a mesma data: num diz que saí de casa às 19:30 e noutro diz que foi às 20:00. Porquê fazer dois?

-O inspector Dias André mentiu em Tribunal. Ou então mentiram a Drª. Rosa Mota ou os oito inspectores que fizeram parte da sua equipa. Dias André diz que nos interrogatórios às vítimas foram seguidas as indicações do Manual CORE (Para o atendimento das vítimas de abuso sexual) editado pela APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima): www.apav.pt/pdf/core_proceder.pdf. Já a Inspectora Coordenadora Drª Rosa Mota disse que afinal o Manual usado foi o da Interpol  E aqui fica a dúvida sobre quem é que está a falar verdade. Só que  os inspectores que interrogaram as vítimas afirmaram em tribunal duas coisas: não conhecem nenhum Manual e, consequentemente, não usaram nenhum.