Francisco Guerra > Francisco Guerra na TV - O Meu Telefone

 

 

Comecemos pelo Restaurante que se chama "Dois e Dois"

  

11.10.06 (em Tribunal)

Drª Marta Saramago - Olhe, ahm... Disse-nos que era empregado de restaurante.  

Domingos Mendonça Aires - Sou...  

Drª Marta Saramago - E empregado em que restaurante?  

Domingos Mendonça Aires - Restaurante Dois e Dois. Sou empregado e sou um dos sócios.  

Drª Marta Saramago - É um dos sócios, do...?  

Domingos Mendonça Aires - Sou trabalhador do restaurante Dois e Dois.  

Drª Marta Saramago - Dois, é Dois e Dois, ou Dois mais Dois?  

(...)

Drª Marta Saramago - Muito bem. Olhe e o Sr. Dr. Manuel Abrantes, que está sentado, no sítio, no lugar, precisamente, ao lado do Sr. Carlos Silvino? Conhece?  

Domingos Mendonça Aires - Não senhor, só pela televisão.  

Drª Marta Saramago - Só da televisão. Mas não se lembra de o ver lá nunca? No restaurante?  

Domingos Mendonça Aires - Não senhor.  

Drª Marta Saramago - Nomeadamente, na companhia do Sr. Carlos Silvino?  

Domingos Mendonça Aires - Nunca. Nunca o vi.  

Drª Marta Saramago - Muito bem. Outra pergunta, o senhor enquanto, desde que trabalha no restaurante, alguma vez lá viu o Sr. Carlos Cruz?  

Domingos Mendonça Aires - Não senhora.  

Drª Marta Saramago - Sabe quem é o Sr. Carlos Cruz?  

Domingos Mendonça Aires - Sei quem é pela televisão.  

Drª Marta Saramago - Pela televisão! Nunca o lá viu?  

Domingos Mendonça Aires - Nunca o lá vi, não o conheço pessoalmente.  

Drª Marta Saramago - Olhe e mesmo sem o ter lá visto, alguma vez lhe foi contado pelos seus colegas, ou por alguém, lá no restaurante, que o Sr. Carlos Cruz lá tivesse ido na companhia do Sr. Carlos Silvino?  

Domingos Mendonça Aires - Ahm... Não, nunca lá foi, mesmo... é assim: nós não temos por hábito chegar no dia a seguir, por exemplo, eu saio mais cedo, chegar lá, e olhe que veio, trabalhou, podemos conversar a, trabalhou-se bem, não se trabalhou bem, não estamos cá, mas nunca, aliás se o Sr. Carlos Cruz lá chegasse a ter ido, isso toda a gente sabia.  

Drª Marta Saramago - Toda a gente falava?  

Domingos Mendonça Aires - É lógico, é mais que provável.  

(...)

Dr. Hélio Garcia - Referiu que nunca viu o Sr. Carlos Cruz no restaurante com o Sr. Carlos Silvino, não verdade?  

Domingos Mendonça Aires - Nunca. Eu conheço o Sr. Carlos Cruz do famoso concurso 1, 2, 3, e... Pronto, a partir daí...  

Dr. Hélio Garcia - Mas refere-se, refere-se aos períodos de Sábado e Domingo à noite, aos fins de semana?  

Domingos Mendonça Aires - Sim, sim.  

Dr. Hélio Garcia - Mas não exclui a hipótese de ele lá ter ido durante a semana?  

Domingos Mendonça Aires - Isso é quase impossível acontecer, porque se isso acontecesse, eu acho que toda a rua sabia e toda a gente sabia porque a figura do Sr. Carlos Cruz, uma figura pública e isso, toda a gente sabia. Não tenho dúvidas nenhumas que se ele tivesse aparecido lá toda a gente sabia ali no dia a seguir.  

(...)

Juíza Presidente - Qual é a sua profissão?  

José António Fernandes Dias - Cozinheiro.  

Juíza Presidente - O senhor trabalha onde?  

José António Fernandes Dias - No restaurante, na churrasqueira Dois e Dois.  

José António Fernandes Dias - Como sócio, como sócio. Como sócio desde 2000 (dois mil), só que, entretanto, antes era empregado e depois passei a sócio.  

(...)

Drª Marta Saramago -(..) Bom, é sócio desde 2000 (dois mil)?  

José António Fernandes Dias - Sim.  

Drª Marta Saramago - E antes de 2000 (dois mil), já lá trabalhava?  

José António Fernandes Dias - Já, já lá trabalhava.  

Drª Marta Saramago - Desde?  

José António Fernandes Dias - Diga, diga?  

Drª Marta Saramago - Desde quando?  

José António Fernandes Dias - Hum... Agora estive lá uns seis anos, cinco...  

Drª Marta Saramago - Seis anos antes de 2000 (dois mil), é isso?  

(...)

Drª Marta Saramago - Olhe uma última pergunta. Lembra-se alguma vez ter visto no restaurante, ou de lhe terem contado que lá tivesse estado o Sr. Carlos Cruz?  

José António Fernandes Dias - Também não. Lá não.  

Drª Marta Saramago - Nunca?  

José António Fernandes Dias - Nunca.  

****

 

E agora quanto a telefones:

O que disse Francisco Guerra?

fls. 309 (em Inquérito -06.01.03)

  

 

Ainda antes da Investigação tomar conhecimento do ofício da Vodafone, que está a seguir, concretamente em 6 de Janeiro de 2003, possivelmente como provocação ou para demonstrar que sabia o meu número, faz uma chamada (da Rua Gomes Freire a Rua da PJ) supostamente para mim. Só que não acerta no número.

Chamadas desse telefone durante todo esse dia (das 11:46 :24 às 23:26:46) com localização das antenas (Apenso V do Processo)

A vermelho o número de Francisco Guerra e a azul o número que ele pensava que fosse o meu. Duração 5" (este número nem existia a até tem 10 algarismos)

Em Tribunal foi interrogado pelo Dr. Sá Fernandes:

Dr. Sá Fernandes - No dia 6 (seis) de Janeiro, o número que aí está 91723,23888  é um número que o Sr. Francisco Guerra atribuiu ao Sr. Carlos Cruz. Uma chamada feita da Gomes Freire.  

Juíza Presidente - Primeiro número... 6 (seis) do 1 (um) de 2003 (dois mil e três).  

Dr. Sá Fernandes - Acciona a antena de localização da Gomes Freire.  

Juíza Presidente - Às 11:46 (onze e quarenta e seis)... e qual é a duração? Isto não tem a duração de chamada? Tem a duração, não tem? É para o 91723 ... 72323888

Dr. Sá Fernandes - E de facto, no dia 6 (seis) de Janeiro, o Sr. Francisco Guerra estava na Gomes Freire, a prestar declarações e esta primeira chamada é uma chamada para o número que ele atribuiu ao Sr. Carlos Cruz. Que acciona a antena da Gomes Freire... Eu queria, Srª Drª,  

Juíza Presidente - E quando, e alguma vez em que o senhor tenha vindo a Lisboa, acompanhado, o senhor voltou a utilizar telemóvel? Enquanto esteve no Centro Jovem Tabor e tendo  

Juíza Ester - Ele não estava ainda. 6 (seis) de Janeiro.  

Juiz Barata - Ainda não tinha entrado. 6 (seis) de Janeiro. É Janeiro.  

Juíza Presidente - Aqui, ainda não. Espere lá. Não, 6 , 6 do 1 de 2003

Juiz Barata - Ele só entrou a 16

Juíza Presidente - 16 . Não. Não. Ainda não tinha ido. Ainda não tinha ido, não. Tem razão.  

Dr. Sá Fernandes - Ainda não tinha ido para o Centro Tabor . mas é num dia em que está a prestar declarações na Polícia Judiciária.  

Juíza Presidente - Mas já estava no tal... O senhor foi directamente do Centro da Graça para o Centro Jovem Tabor?  

Francisco Guerra - Sim. Foi de noite.  

Juíza Presidente - Portanto, não esteve noutro local, entre um e outro?  

Francisco Guerra - Não, Srª Drª.  

Juíza Presidente - E alguma vez que o senhor tivesse ido à Polícia Judiciária, ou para alguma diligência ou a qualquer outro local, o senhor fez chamadas, ligações de um telemóvel seu?  

Francisco Guerra - Que eu me lembre, não, Srª Drª. Sempre que eu precisava, pedia para fazer uma chamada, para falar com a Neidi ou com o Dr. Pedro Strecht. Não do meu telemóvel mas do telefone da Polícia Judiciária ou  

Juíza Presidente - E alguma vez, lembra-se por exemplo de ter dito ao Sr. Inspector Dias André, isto é um exemplo, "olhe, o telemóvel que está guardado, preciso dele para fazer uma chamada", qualquer coisa assim?  

Francisco Guerra - Não Srª Drª. Lembro-me de, para fazer uma chamada nunca, nunca pedi ao Inspector Dias André para fazer. Pedi-lhe a ele, sim, que ligasse o telemóvel para ver se tinha mensagens, para ver se, se tinha alguns registos, tentativas de contacto. Isso pedi-lhe.  

Dr. Sá Fernandes - Srª Drª, não se recorda de quando esteve, dessa vez, na Polícia Judiciária, ter tentado ligar para um número que atribuiu ao Sr. Carlos Cruz?  

Juíza Presidente - Volto-lhe a perguntar: alguma vez, entre o período em que esteve no Centro da Graça e aquele em que esteve no Centro Jovem Tabor, o senhor, nas instalações da Polícia Judiciária, ou fora das instalações, ou quando se dirigiu para alguma diligência, lembra-se de ter utilizado o seu telemóvel? Ter feito uma chamada? Ter feito uma ligação de algum número?  

Francisco Guerra - Não, Srª Drª.  

Juíza Presidente - Tem a certeza?  

Francisco Guerra - Tenho a certeza absoluta, Srª Drª.  

Dr. Sá Fernandes - Srª Drª, e sem ser pelo número dele, não tentou chamar um número que atribuiu ao Sr. Carlos Cruz, da Polícia Judiciária?  

Juíza Presidente - Pode responder.  

Francisco Guerra - Não me recordo, Srª Drª, mas penso que não.  

Dr. Sá Fernandes - Não se recorda?  

Juíza Presidente - Não se recorda. Pensa que não.  

 

E que diz o Inspector Dias André em Tribunal?

Advogado -É deste telemóvel que sai uma chamada no dia 6 de Janeiro quando ele está a depor na Polícia Judiciaria para o número errado do, do Sr. Carlos Cruz trocando o tal algarismo e a pergunta que eu faço ao Sr. Inspector Dias André é se tem ideia que o Sr. Francisco Guerra no dia 6 de Janeiro quando estava nas instalações da Polícia Judiciaria tentou dali telefonar para o senhor?

António José Dias André -Não faço ideia, Sr. Doutor.

Advogado -Não faz ideia?

António José Dias André -Não faço ideia.

Advogado -Tem alguma explicação para que no dia 6 de Janeiro a esta hora quando ele está a depor na Polícia Judiciaria, ... tenha havido uma chamada para o tal número com o número trocado do senhor, ... do Sr. Carlos Cruz, é um número que é trocado, de facto há, é um número que é trocado, há aqui um 2, em vez de um 3, que é o que acontece naquele dia 6 de Janeiro, a ideia com que se fica, é que no dia 6 de Janeiro ele, por iniciativa dele ou por sugestão de alguém, tentou telefonar para o telemóvel do Sr. Carlos Cruz e enganou-se num número?

António José Dias André -Eu não, eu não, não tenho conhecimento disso.

Advogado -Mas está ali registado?

António José Dias André -Está bem, Sr. Doutor, contra factos não há argumentos, agora não, não, não, ... imperceptível ... completamente.


 Em 28.01.03 a Vodafone informa o Ministério Público:

Perante a informação da Vodafone era preciso emendar a declaração de Francisco Guerra. E assim, oito dias depois, Guerra volta ao DIAP para dizer correctamente o meu número de telefone:

fls. 1062 (em Inquérito -04.02.03)

 

  

Existe ainda outro número de Francisco Guerra na sua ficha de identificação (fls 149 -16.12.02), quando foi ouvido pela primeira vez: 967279241.

Infelizmente a investigação não pôs no Processo as listagens das chamadas de Francisco Guerra. Porquê? Mistério. Apenas constam as de 2003!

Mas, felizmente, encontramos no Processo todas a chamadas feitas por mim e ainda as recebidas, de 1998 a 2002 (Apenso V). E não há nenhuma, repito, nenhuma feita para o Francisco Guerra ou recebida dos números dele.

  

E já agora, quanto a Carlos Silvino:

21.12.04 (em Tribunal)

 

Juíza - Lembra-se quando foi essa situação em que foi apresentado o CC?  

Carlos Silvino - Não me lembro. Foi em 1982/83 mais ou menos  

Juíza - Depois de lhe ter sido apresentado Teve mais algum contacto com ele?  

Carlos Silvino -Nunca tive contacto com ele mas tenho a dizer que vi-o em Elvas

 

18.01.05 (em Tribunal)

Carlos Silvino Silva -Voltei sim senhor, mas não falei com ele (...) Quem tinha o contacto do Sr. Carlos Cruz, era o Francisco Guerra, ele é que me dizia a mim se podia dar boleia, portanto, aos rapazes que eles queriam ir, portanto para as filmagens que era o código das filmagens, mas era com sexo à mistura.  

Juiz Presidente -Portanto, o Senhor não tinha qualquer contacto deste Senhor?  

Carlos Silvino Silva -Nunca tive contacto com este Senhor.  

 

16.12.04 (em Tribunal)

 Juiz Presidente -E apresentou-lhe, lembra-se quando é que foi esta situação dos pastéis de Belém que o Senhor teve ... em que lhe foi apresentado o Sr. Carlos Cruz ou não?  

Carlos Silvino Silva -Não me lembro também, Sr.ª Doutora.  

Juiz Presidente -Foi há ...  

Carlos Silvino Silva -Foi em 1983 (mil novecentos e oitenta e três), 82 (oitenta e dois), 83 (oitenta e três) mais ou menos

Juiz Presidente -E depois diz que o Senhor foi-lhe apresentado, o Sr. Carlos Pereira Cruz foi-lhe apresentado, voltou a ter mais algum contacto com este Senhor, ficou com ... com algum relacionamento?  

Carlos Silvino Silva -Eu nunca tive contacto com ele Sr.ª Doutora(...)


18.01.05 (em Tribunal)

Juiz Presidente -E portanto, para além dessa segunda vez que o Senhor refere na Avenida das Forças Armadas, voltou a encontrar este Senhor ou não?  

Carlos Silvino Silva -Voltei sim ... foi a primeira vez que eu o vi, portanto cara a cara, o Sr. Carlos Cruz, portanto, quando me entregou o envelope. E voltei mais uma vez lá, mas só que não subi, fiquei dentro do carro com o Francisco Guerra enquanto eles foram lá para cima para as filmagens e sexo à mistura como eles diziam.